quarta-feira, junho 24, 2009

Para quem nasceu na Moura Morta antes de 1980...

Cimo da Rua era o ponto de encontro


Vendo bem as coisas..., é difícil acreditar que estejamos vivos hoje!
Quando éramos pequenos, viajávamos de carro (aqueles que tinham a sorte de ter um...) sem cintos de segurança, sem ABS e sem air-bag! Quando não íamos pendurados no tractor, no reboque ou em cima das carrinhas normalmente sem nos agarrarmos para aumentar a sensação de perigo. Os frascos de remédios ou as garrafas de sumo não tinham nenhum tipo e tampa especial... que vinham embaladas sem instruções de uso...

Bebíamos água da torneira e nem se conhecia água engarrafada!

Que horror!!!! Ai “Jasus

Até andávamos de bicicleta sem usar nenhum tipo de protecção e passávamos as tardes a construir carrinhos de rolamentos ou mesmo a andar de bicicleta sem travões e sem pneus. Atirávamo-nos ladeira abaixo e esquecíamo-nos que não tínhamos travões até que uma qualquer calçada ou árvore nos parasse no caminho... Depois de muitos acidentes de percurso, aprendíamos a resolver o problema, SOZINHOS!!!!!

Nas férias, saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo; os nossos pais às vezes não sabiam exactamente onde estávamos, mas sabiam que não estávamos em perigo. Não existiam telemóveis! Incrível!!!!!!!!

Quantas nódoas negras, braços partidos, dentes arrancados com o embate em árvores que estava no sitio certo mas na hora errada, quedas...Lembram-se destes incidentes?

Janelas partidas (ao Cimo da Rua as Janelas da Alda Taroca, da Zulmira e mesmo as telhas da casa do forno do Ti Agostinho), jardins destruídos, as bolas caíam no terreno do vizinho mas tudo bem...

Haviam brigas (porrada) e, às vezes, alguns olhos negros. E mesmo feridos e chorosos tudo passava depressa; na maioria das vezes, nem mesmo os nossos pais descobriam, se não ainda ficávamos piores.

Comíamos doces, pão com muita manteiga... E ninguém era GORDO... No máximo, era-se um gordinho saudável... Dividia-se uma garrafa de sumo, até uma cerveja ou um tinto na Adega do Ti Álvaro às escondidas, entre três ou quatro putos ninguém morreu por causa de doenças infecciosas!
Não existia a Nintendo, Playstation I quanto mais a Playstation II , nem havia TV Cabo, vídeo, computador, nem Internet... Tínhamos, simplesmente, amigos!
Andava-se de bicicleta ou a pé. Íamos a casa de amigos, tocávamos a campainha se existisse, mas normalmente entravamos sem bater, entrávamos e conversávamos.... Sozinhos, num mundo frio e cruel!!!!!!!! Sem nenhum controle! Como sobrevivemos????

Inventávamos jogos... com pedras, feijões ou cartas...Brincávamos com pequenos monstros: lesmas, caramujos, e outros animaizinhos, mesmo senossos pais nos dissessem para não fazermos isso, na época das chuvas íamos construir barragens de terra chegávamos a casa sujos e molhados!

Alguns estudantes não eram tão inteligentes, quantos não tiveram que repetir a escola porque não passavam. Que horror! Os professores eram insuportáveis! Não davam abébias... Os maiores problemas na escola eram: chegar atrasado, mastigar pastilhas na aula ou mandar bilhetes a dizer mal da professora. Correr demais no recreio ou andar á porrada por causa de uma canelada que levou a jogar à bola. As nossas iniciativas eram "nossas", mas as consequências também!
Ninguém se escondia atrás do outro... os nossos pais estavam sempre do lado da Lei quando transgredíamos as regras, levávamos uma “malha” e só se perdiam as que caíam no chão!

Se nos portávamos mal, os nossos pais colocavam-nos de castigo e incrivelmente, nenhum deles foi preso por isso! Sabíamos que quando os pais diziam "NÃO", era "NÃO".

Recebíamos brinquedos no Natal ou no aniversário e não de todas as vezes que íamos ao supermercado... Os nossos pais davam-nos presentes por amor, nunca por culpa... Por incrível que pareça, as nossas vidas não se arruinaram por não ganharmos tudo o que gostaríamos, que queríamos....
Tínhamos liberdade, sucessos, algumas vezes problemas e desilusões, mas tínhamos muitas responsabilidades... E não é que aprendemos a resolver tudo?... e sozinhos...

Se é um destes sobreviventes.... PARABÉNS!!!!!!!!

13 Comments:

Blogger MM said...

Se eu me esqueci de algo relembrem-me

00:26:00  
Anonymous Anónimo said...

Parabens pelo post.
É uma experiência vivida e louvavel.
Um exemplo para os mais jovens e uma bela afirmação para os mais velhos.

11:13:00  
Anonymous Anónimo said...

Pois tambem é de relembrar que havia miudos a jogar à bola nos anos 60,aí no ramal.
Só que as bolas ou eram de papel com os restos da Comarca ou eram de trapos roubados das fitas que eram para fazer tapetes e colchas.Só a Ana da Ti Rosa Lima tinha um tear no patio.
De carro? lembro-me duma camineta do Ti Alfredo Sabino e da carrinha VW do Ti Artur Rato que veio substituir a carroça do macho.Mais tarde em 1966 apareceu o Cortina GT do Leonel da Vinha e o Mini do Americo Sabino em 1967.
Por isso as galinhas da Ti Delaide da Barroca podiam andar à vontade na Barroca e na Vinha de Cima, que não morriam atropeladas. O Ti Artur ate fez duas garagens na Barreirinho para guardar a VW.
O Dr. Antonino vinha ca pouco nessa altura. Ainda estava em Lisboa.

13:13:00  
Anonymous Anónimo said...

Agua da Torneira?
Não havia não.Era inicialmente o chafariz perto da casa da Maria dos Anjos, o tal que deitaram abaixo para depois inaugurarem com pompa e circunstancia o Chafariz no local onde hoje se encontra.
Nessa inauguração estiveram presentes o Presidente da Camara Dr. Augusto Simões e o Governador Civil Dr. Moura Relvas.
Foi feito com dinheiros de um peditorio ao povo e com algum dinheiro publico.
Na ponta da aldeia, o pessoal tinha que ir ao rio buscar as cantaras de agua ou aos poços do Lameiro.
Abaixo do Cimo da Rua lá tinham que ir buscar a agua para beber, à mina da Ti Felicidade ou da Ti Rosa Lima.
A agua dos poços era mais para dar aos animais ( bois, cabras e galinhas ).
Por isso, tomar banho era dificil...ehehehehh.Só no verão e no rio.
Como era natural, foi uma guerra grande,com a divisão do povo por causa do chafariz.
Os de baixo teriam de ir encher ao Terreiro, pois nem uma torneira tinham deixado na Ladeira da Fonte.
Havia quem acusasse o Ze do Terreiro de durante a noite abrir a torneira do chafariz que escorria para um tanque que tinha no quintal. O que é certo é que a partir do chafariz ter ido para o Terreiro, começou a ter uns ragalejos bem bons.
E assim metade da aldeia tinha que ir à agua aos poços da Vinha ou às 2 minas que lá existiam.
Na inauguração houve assim duas festas. A Oficial no Terreiro com entidades, outra em casa do Ti Angelo patrocinada pelo João Levi, mais as gentes de baixo.
Se uma festa foi rija, a outra não foi menos rija. Se calhar ate se comeu e bebeu melhor na Vinha.

18:15:00  
Anonymous Anónimo said...

O tiago vêm á janilena

22:01:00  
Anonymous Anónimo said...

O Tiago vem aonde? O Tiago vem é de mota.

22:38:00  
Anonymous Anónimo said...

Tem cuidado com a linguagem vicentina que utilizas nos comments. Não é propria de um mouramortino, mas sim dum coimbrinhas deslavado.
Devias usar os termos de pintainhos em vez de pitos e meninas da rua em da namorada dele.

23:20:00  
Anonymous Anónimo said...

Ainda me lembro desse miudo, era ele garoto.
Agora já têm idade para ir para a Tropa.
Já é um homem, já deve namorar.

Os anos passam!

22:15:00  
Anonymous Anónimo said...

o que vale é que a tropa deve-lhe fazer bem. Se levar a mota para o quartel ainda lha roubam.
Será que ele quer ir depois pra pulissia?

23:56:00  
Anonymous Anónimo said...

Só tenho pena que a fotografia escolhida seja tão recente. Nos anos 80 a casa da Dina não era aquela.Mas o texto está tão fixe, era tudo realmente assim.Nós os adultos dos anos 80 temos saudades!Compramos prendas aos nossos filhos por culpa,mas a minha mãe não precisava disso,estava lá sempre que eu precisei e eu estou?!

15:18:00  
Anonymous Anónimo said...

Mas exes tempus foraum tempus gluriozus anus 80, eim k kumessei a meter-me nus pirmeirus pikansus i a ratare XF-17, Sachs Fuego i outras du generuh kom a minhah Casal 2 eskape libre, admissoum direta, jantes dezasseis seim raius (pra ter menus pezu) i diressoum acestida pelus meus brassus de asso (grassas has obras) e aus baldes de massa!
poizeh, entoum akih uh bossu jobem agorah e hum belhinhuh, max mesmum axim guxtariah de kunhessereh gaijas pramedareum a bolta ah kabessa!!!!

15:28:00  
Anonymous Anónimo said...

O texto do anónimo das 3:28 deve ser bonito é pena ele não escrever idioma nenhum!

11:37:00  
Blogger kordeiro said...

simplesmente genial!!!

Parabéns pelo texto!

16:26:00  

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