quarta-feira, abril 18, 2007

Afinal há coisas piores

Já em tempos Miguel Esteves Cardoso se preocupava com o tema "Diz-me onde moras, diz-me onde nasceste!"Assim os mouramortinos tinham alguma relutância em afirmarem-se como sendo da Moura Morta .
Então vejamos o que a este proposito dizia MEC."Nomes da nossa terra que urgiria esquecer". Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada. Por exemplo. Há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Colo do Pito, comprou uma casa na "Fonte da Rata" (Espinho). Ficava pertíssimo do Porto e era agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Fonte da Rata. Nunca mais ninguém o viu.Para quem vive em Lisboa ou no Porto, tinha emigrado para a Mauritânia. Aconteceo mesmo com todos os sítios acabados em -ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide. Um palácio com sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que um T0 nos arredores de Cascais. É a injustiça do endereço.Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa-educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre imediatamente quem disser que mora no Cacém, ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola.Para não falar na Cova da Piedade, no Fogueteiro e na Cruz de Pau. Ao ler os nomes de alguns sítios, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na CEE. De facto, com sítioschamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago doCacém), como é que a Europa nos vai querer integrar?Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses.Imagine-se o impacto de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar. Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz perguntadelicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho). E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?", só para ouvirdizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz). É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro?Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda.Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso? Seráou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas?É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra". Ninguém é do Porto ou de Lisboa. Toda a gente é de outra terra qualquer.Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir. Qualquer bilhete deidentidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro). É absolutamente impossívelexplicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros("I am from the Fountain of Drink and Go Away...".Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo Como sendo originário de Filha Boa. Verá que não é bem atendido. (...)Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte De Lima.Fica perto da aldeola de Sacripanta e da lendária vila Sacana Estes dois últimos são mentira) Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros. Há que dar-lhes nomes europeus, ou então parecidos com os nomes dosrestaurantes giraços, tipo Não Sei, A Mousse é Caseira, ou Vai Mais um Rissól.(...)Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Agua(Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do Bogadouro (Amarante), depois de ter parado para fazer um chi-chi em Alçaperna (Lousã). (Bogadouro é o Mogadouro quando se estáconstipado.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

axo q ñ temos de ter vergonha de dizer o nome da nossa terra.

11:13:00  
Anonymous Anónimo said...

E para não falar em Picha, no Cansado, na Venda da Gaita, nas Cabeças, no Minjoelho, em Eanes, na Sempre Noiva, no Préstimo, na Branca, nas Ancas, nos Bustos, em Albergaria das Cabras, no Tropeço, no Nariz, no Paraíso, na Raiva, no Lobão, em Antes, na Vacariça, na Mamarrosa, na Palhaça, na Cabeça Gorda, em Quintos, nas Entradas, em Colos, em Fiscal, na Alheira, em Chavão, em Gagos, em Gémeos, em Curvos, em Fareja, na Queimadela, em Leitões, nos Longos, na Polvoreira, em Galegos, na Balança, nos Cabeçudos, no Barbudo, nos Esqueiros, em Geme, em Gostei, nas Salsas, em Vale da Porca, em Urros, em Benlhevai,na Uva, nas Inguias, em Boidobra, em Lavacolhos, no Bolho, em Febres, no Botão, em Trouxemil, em Bem da Fé, em Avô, em S. Bento de Ana Loura, em S. Lourenço de Mamporcão, em São Manços, no Cabeção, em Ciladas, em Odeleite, na Querença, em Porches, no Marmelete, no Pechão, em Cachopo, na Carrapichana, na Matança, em Gonçalo Bocas, na Pêga, na Ribeira dos Carinhos, nos Trinta, em Ranhados, em Bismula, no Terreiro das Bruxas, nos Tamanhos, na Muxagata, na Vestiaria na Roliça, no Nadadouro, no Amor, nos Milagres, em Arranhó, no Socorro, na Sapataria.

E, já agora comandados por um regedor chamado Penetra Murcho.

15:16:00  
Anonymous Anónimo said...

Eu tenho muito orgulho em ser Mouramortino, quando me perguntam se eu sou de Poiares é obvio que digo:
- Não.
Eu sou da Moura Morta

17:24:00  
Blogger rei lear said...

Eu tenho muito orgulho em ser dos Moinhos, quando me perguntam se eu sou de Poiares é obvio que digo:
- Não só.
Eu sou dos Moinhos (de Baixo), freguesia de S. Miguel de Poiares, concelho de Vila Nova de Poiares, Distrito de Coimbra, Beira Litoral!

22:20:00  
Anonymous Anónimo said...

Oh Rei Lear ainda te lembras de quando jogavas basket nos iniciados da Briosa? Eras da equipa do Cardantas, do Saraiva e do Amoroso Lopes?
Um abraço academico.

11:16:00  
Anonymous Anónimo said...

Julgo que no Sol vinha um artigo sobre uma casa solarenga. Era a tua oh Rei Lear?

11:17:00  

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