segunda-feira, setembro 24, 2007

Os homens são como os telemóveis

Os homens são como os telemóveis; quanto mais modernos, menos fiáveis. E o pior é que, quando se estragam e queremos trocar por um igual, vamos à loja, cheios de esperança de resolver o problema rápida e eficazmente, e uma menina com um discurso muito bem articulado adquirido em cursos de formação acelerada esclarece que pode providenciar um aparelho de substituição enquanto é avaliada a avaria do nosso. Quando o meu telefone se começou a apagar, assim como quem tem um AVC, rezei que fosse apenas um ataque de mau feitio. Há homens a quem isto também acontece. Sem razão aparente, iniciam um processo de negação, afastamento ou estranheza com a sua mais que tudo, com quem durante meses, anos ou décadas se entenderam na perfeição. É claro que há sempre uma razão obscura – ou um conjunto delas – que provoca o desapego. Outra mulher, desgaste do material, pânico da rotina, medo do compromisso, terror de envelhecer, vontade de voltar à vida de índio, puro egoísmo ou pura estupidez. E nestes casos, ao contrário dos telemóveis, não vale a pena ir à loja e tentar trocar por um igual, que é como quem diz, procurar no mercado dos disponíveis um tipo parecido com o anterior, na vã tentativa de o substituir. Não esqueçamos dos sábios ensinamentos do maior best seller de todos os tempos que nos conta que quem se safou de Sodoma e de Gomorra foi quem deu corda às sandálias sem olhar para trás. E mesmo que a pele fale mais alto, há que ouvir o grande Rui Veloso quando nos diz «nunca voltes ao lugar onde já foste feliz, por muito que o coração diga, não faças o que ele diz». Um telemóvel avariado, pode ou não ter arranjo. Uma relação avariada nunca volta ao estado normal. Há chips que se perdem irremediavelmente; o do encanto é um deles. A Margarida Rebelo Pinto tem razão.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É so modernices, pois o que eu sabia é que eles eram como o carro de bois.

20:41:00  

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