quinta-feira, março 22, 2012

COGUMELOS SILVESTRES

Centro - Iniciativa visa desenvolver o território através dos cogumelos silvestres

Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e Góis. Estes quatro concelhos da região Centro são o palco escolhido para um projecto que visa fomentar a produção de cogumelos silvestres nativos. Potenciar este recurso, o território, a economia local e apostar na exportação são os objectivos da Universidade de Coimbra e da BLC 3 - Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro.
João Nunes, presidente do Conselho de Administração da BLC 3, explica que a ideia nasceu porque esta entidade que «tem o seu raio de acção na região interior Centro» criou um projecto de desenvolvimento integrado para optimizar os recursos naturais disponíveis. Isto no sentido de valorização do território.
No caso dos cogumelos silvestres, trata-se de uma iniciativa biotecnológica visando o desenvolvimento da produção de espécies nativas bem como investigar as condições para a produção de trufas.

Segundo João Nunes, nos ecossistemas florestais da região em causa foram identificadas 20 espécies de cogumelos silvestres nativos, «e será à volta deste potencial que o projecto se desenvolverá, através da produção de inóculo, seleccionando os de maior valor comercial».
Inicialmente, esta acção irá desenvolver-se nos concelhos de Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e Góis. O objectivo
«é contratualizar com agricultores e produtores florestais o fornecimento de inóculo das espécies de cogumelos, fomentando assim a produção em grande escala», acrescenta João Nunes.
Justificando a potencialidade económica que poderá surgir, o responsável da BLC 3 dá um exemplo além-fronteiras muito concreto, na zona de Barcelona. Ali, um cogumelo da região - Sanchas (Lactarius deleciosus) - «rendeu um milhão e 500 mil euros com a produção de 500 toneladas».
No âmbito deste projecto está igualmente pensada a criação de um Centro de Micologia Aplicada que, segundo João Nunes, será um núcleo de investigação cuja principal pretensão visa
«a produção de trufas, fungos do solo que formam cogumelos subterrâneos e que valem entre 400 a 500 euros o quilo nos mercados internacionais».
Para o presidente do Conselho de Administração da BLC 3, a exportação deste tipo de produtos «é de grande potencial».
Isto porque «os ecossistemas florestais do interior do país “escondem” uma ampla diversidade de cogumelos silvestres que poderão ser altamente valorizados nos mercados internacionais».
Porém, acrescenta: «Portugal, ao contrário do que já acontece em países como Espanha, França e Itália, não apresenta fluxos comerciais significativos numa área que pode gerar actividades empresariais com elevado retorno económico».
Por fim, João Nunes afirma que a grande mais-valia deste projecto «é aproveitar um ecossistema com grandes potencialidades para a produção de cogumelos silvestres para alavancar o desenvolvimento de uma nova economia na região, contribuindo assim para a atracção de pessoas para novas actividades empresariais em zonas do país cada vez mais despovoadas».
João Nunes informa também que durante o mês de Março de 2012 as entidades com responsabilidade no projecto irão candidatar o mesmo ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), através do «Compete - Programa Operacional Factores de Competitividade».
A iniciativa tem, ainda, como parceira a Voz da Natureza, uma empresa com actividade na área da investigação científica e tecnológica para o desenvolvimento de produtos inovadores.

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