segunda-feira, julho 30, 2012

O Joio do Trigo

Ouve-se repetidamente falar em separar o trigo do Joio, mas muitos de nós conhece mal o trigo quanto mais o Joio
Joio-do-trigo



Agrostemma githago L.

As searas ou os campos de milho que ainda encontramos pelo país têm em geral um período de repouso depois da colheita, pousio aconselhável para se recuperar a qualidade do solo. Nesse meio tempo, algumas herbáceas pouco exigentes aproveitam para se disseminar, garantindo alguma diversidade nas leiras durante o Verão. Porém, poucas sobrevivem ao combate que se segue. Para erradicarem plantas que consideram daninhas ou infestantes (e algumas são-no, podendo, como a da foto, estragar o sabor dos cereais se as suas sementes se misturam com eles em quantidades elevadas), os agricultores abusam de herbicidas, condenando igualmente a terra e os cursos de água. Com esse procedimento, chegou a vez de a cravina das searas, antes presença frequente em todas as províncias portuguesas, se tornar uma planta rara. Infelizmente, o seu futuro incerto não pode ser tido como uma vitória da agricultura.

O género Agrostemma (quase à letra, grinalda dos campos) é nativo da região mediterrânica e tem apenas mais uma espécie, a turca A. gracilis Boiss., usada como ornamental. A das fotos é planta anual, erecta e alta (atinge um metro de altura) mas pouco ramificada e de flores solitárias. Os caules e folhas são penugentos e têm um tom verde-acinzentado. As flores podem ser brancas, mas têm sempre cerca de cinco centímetros de diâmetro, longos cálices tubulares com dez «costelas» salientes e cinco lacínias foliáceas, além de cinco pétalas com forma de unha e mais curtas do que as sépalas, a rodear dez estames e cinco estiletes. O fruto é uma cápsula que se abre por cinco veios. (Esta preferência pelo número 5 é comum, talvez seja mera economia na adopção de formas que permitam, ainda assim, alguma simetria.)

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