terça-feira, abril 28, 2015

Discurso do Mouramortino Luis Filipe na Sessão Solene do 25 de Abril



Discurso do representante do CDS-PP na sessão solene comemorativa do 41º aniversário do 25 de Abril de 74
Exma. Senhora Presidente da Assembleia Municipal, Dra Lara Oliveira
Exmo. Sr. Presidente da Câmara, Dr. João Henriques
Exmos. Srs. Vereadores
Exmos Senhores Deputados
Exmos Srs. Representantes de Estruturas partidárias,
Exmos Srs. Representantes de Entidades civis, Religiosas e de Associações
Exmos Srs. Convidados,
Poiarenses:
Hoje comemoramos o 25 de Abril de 74, para todos nós, o dia da Liberdade, o dia da Democracia.
Mas essa data histórica não é só por si um fim, mas sim o início de uma longa caminhada para um Portugal melhor.
Quando se comemora esta tão importante data, há quem se concentre apenas no dia, no significado, o que mudou, como era o Portugal de antes de Abril.
É fundamental perceber isso, sem dúvida, mas é igualmente importante, passadas mais de 4 décadas, olhar para a história recente, aprender com ela, perceber se os caminhos abertos no 25 de abril têm sido bem percorridos, ou se podemos fazer mais e melhor.
Por isso eu pergunto:
No 26 de Abril de 1974 já vivíamos em democracia?
Embora se afirme que existiu uma Mudança pacífica, os tempos que se seguiram foram tudo menos tranquilos…
A democracia era um conceito novo, estranho para alguns, foi necessário toda uma aprendizagem. Foram tempos conturbados, onde o PREC, as ocupações, os saneamentos políticos e uma nova censura fizeram temer que o fim de uma ditadura do estado novo desse início a uma ditadura do proletariado.
Felizmente, com o 25 de Novembro chegou a democracia parlamentar, conceito que hoje todos respeitamos e acarinhamos.
Mas sou obrigado a deixar uma nova pergunta:
No dia 25 de Abril de 2015, a democracia já está completa?
A verdade é que percorremos um enorme caminho nestes últimos 41 anos, é algo que nos devemos orgulhar. Passámos a ser verdadeiramente europeus, temos um sistema de saúde público, uma rede escolar que garante educação para todos, uma segurança social que permite pensões e apoio aos mais necessitados, entre muitas outras conquistas fundamentais.
Tudo isto funciona na perfeição?
Longe disso, podia ser melhor?
Não só podia, como devia, mas o desejo de querer melhorar, não deve permitir que se ignore tudo aquilo que hoje damos como garantido, pois em tempos não existiu, e em muitos países ainda não existe.
O caminho iniciado no 25 de Abril de 1974 ainda não está terminado!
Estará, por ventura, a verdadeira democracia completa quando governos levam Portugal à falência 3 vezes nos últimos 40 anos? Pondo em causa estas conquistas e sempre sem haver culpados?
Estará a democracia completa,
Quando quem elegemos para nos governar acaba na prisão, indiciado por corrupção?
Estará a democracia completa,
Quando Presidentes de Camara deixam os municípios falidos e não são responsabilizados?
Estará a democracia completa,
Quando há Bancos a falir por má gestão e mais uma vez a culpa morre solteira?
Estará a democracia completa,
Quando ainda hoje existem cidadãos que não intervém na vida politica com medo de represálias?
Estará a democracia completa
Quando as pessoas votam nos gestores políticos, apenas por serem do partido x ou y, uma espécie de clubite partidária e não por mérito, profissionalismo ou competência
Estará a democracia completa,
Quando as pessoas escolhidas para ocupar cargos públicos tem apenas como critério de selecção a sua militância partidária
Estará a democracia completa,
Quando os bons querem distância da política, e vemos os cargos importantes entregues a quem nunca fez nada na vida?
A verdade é que ainda há muito para fazer, há conquistas que demoram, mas acreditamos que todas vão chegar, basta ver o exemplo de Vila Nova de Poiares, foram necessários 41 anos, volto a repetir, 41 anos, para que todos os partidos fossem convidados a participar nas celebrações do dia da democracia
Cumpre-me dizer que Vila Nova de Poiares tal como a democracia percorreu um enorme caminho, nestas 4 décadas, melhorou a rede viária, infraestruturas, rede de abastecimento de água, apoio social e Saneamento.
Mas mais uma vez surge a questão:
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares, quando temos um concelho que tem uma das maiores dívidas por habitante?
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares,
Quando existem freguesias em processo de desertificação com uma perda galopante de população?
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares,
Quando um concelho com baixo poder de compra cobra aos seus munícipes todas as taxas no seu valor máximo?
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares,
Quando se permitiu gastar milhares de euros num Aeródromo agora ao abandono
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares
- Quando instituições se permitem viver de costas voltadas
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares
Quando foram investidos milhares de euros em infraestruturas e agora por falta de recursos estão fechadas e o património a delapidar-se.
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares,
Quando o concelho tem uma rede de abastecimento de água obsoleta?
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares,
Quando temos um concelho em que pouco mais de 1/3 da população tem acesso a saneamento básico?
Estará o 25 de Abril cumprido em Poiares
- Quando a temos um concelho a 30 km de sede de Distrito a 7 km, da IP3, a 25 da autoestrada e não temos acessos dignos desse nome
Minhas senhoras e meus senhores
A democracia e a liberdade não podem ser encaradas como “Aquilo que nos dá jeito e quando nos dá jeito”, dependendo se estamos no governo ou na oposição.
Para alguns o 25 de Abril é apenas um cravo na lapela, mas é muito mais que isso:
- Respeito pelos que pensam diferente, pois essa é a essência de Abril,
- O de respeitarem as eleições quando perdem, pois eleições foram uma das maiores conquistas.
Termino como comecei afirmando que só poderemos melhorar e não cair nos mesmos erros do passado, olhando para a história e aprendendo com ela;
E aprender com a história é por exemplo, perceber que em democracia, quando se esteve na oposição e se foi contra tudo, independentemente de ser bom ou mau, tem pouca legitimidade para exigir o contrário quando está a exercer funções de governação.
Estar sempre contra é atitude de quem não quer servir os interesses de todos, mas antes servir-se a si próprio.
Uma democracia madura exige aos seus dirigentes, sentido de Responsabilidade e sentido de missão; desta forma teremos um serviço público melhor, mais eficiente e mais controlado
Por parte do CDS-PP, partido que hoje aqui represento, é exatamente isso que podem esperar: Discordância no que entendermos que é mau, mas daremos o nosso apoio, sem qualquer tipo de preconceito ideológico, ao que, no nosso entendimento, for bom para poiares e para os poiarenses. E hoje, é o melhor dia para afirmar isto, porque abril é democracia, pluralidade de opiniões, mas acima de tudo, respeito pelo povo!
Viva a Democracia
Viva a liberdade
Viva Vila Nova de Poiares
Viva Portugal

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